II Seminário de Tecnologia e Jornalismo debate sobre os usos da inteligência artificial na profissão

Alexandre Freeland e Tainah Tavares, palestrantes do evento promovido pela FCS/Uerj, apontam os desafios dos jornalistas na era das IAs

Por: Lucas Freire

A Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) promoveu no dia 03 de abril o II Seminário de Tecnologia e Jornalismo, no qual se discutiu as aplicações das inteligências artificiais no jornalismo e suas questões éticas. O evento, mediado pelos professores Fábio Vasconcellos e Fernanda da Escócia, contou com a participação de nomes importantes do meio, como Tainah Tavares, editora-chefe do site especializado em tecnologia Techtudo, e Alexandre Freeland, diretor executivo da Inpress, empresa de comunicação full service com mais de 150 clientes nos segmentos corporativo, consumo, mídia e entretenimento, saúde, tecnologia e telecomunicações.  A palestra, que teve início às 9h30 , se estendeu até o meio-dia, reuniu uma plateia diversificada composta por profissionais e estudantes da área de comunicação, na sala RAV 102, no décimo andar do Pavilhão João Lyra Filho, no campus Maracanã.

Alexandre Freeland – ex-diretor de redação dos jornais O Dia e Meia-Hora, do Rio de Janeiro –, abordou a transição das tecnologias de comunicação e discorreu sobre o impacto das IAs nos diferentes setores da sociedade. Freeland entende que a inserção de programas como ChatGPT no fazer jornalístico é uma evolução natural da profissão, porém, o jornalista alerta para o que  acredita ser o  problema central do uso: a falta de transparência a respeito das informações geradas pelas IAs.

As IAs  não fornecem dados, fontes ou referências sobre como, ou de onde, são retiradas as informações recebidas pelos usuários. O palestrante critica o desleixo dos criadores, que não parecem preocupados com a possibilidade das suas tecnologias reproduzirem desinformação ou reforçar discursos de ordem racista, homofóbica e machista.  “A inteligência artificial não é uma novidade do agora, ela já existe desde 1943. O que houve foi o facilitamento do acesso à ferramenta para o público geral. Nesse sentido, é necessário acompanhamento e cautela”, alerta.

 Tainah Tavares, por sua vez,  considera importante tratar a tecnologia no futuro como uma ferramenta auxiliar no trabalho do jornalista. Desde o surgimento de bots textuais, o mercado de trabalho se alarmou com a possibilidade de uma substituição em massa das funções jornalísticas pelas máquinas. Tainah afirma que não há motivos para preocupação, mas ressalta que a adequação à tecnologia será um diferencial dos profissionais.

“No futuro, será tão essencial quanto saber falar inglês. Quem souber como utilizar estará na frente. Mas ainda é um cenário desigual, obviamente, pessoas com mais recursos financeiros têm mais acesso a esse aprendizado. Por isso, há urgência de gerar o debate e envolver o poder público na solução desses problemas”, destaca. 

A profa.  Fernanda da Escóssia também alertou para a falta de transparência dos veículos de imprensa que já utilizam inteligências artificiais em suas redações e no desenvolvimento de matérias. Ela cita como exemplo o caso da Editora Abril, que excluiu 50 textos de seu site, que teriam sido escritos por um autor fictício, após denúncias de que haviam sido gerados por IAs.

Ao final da palestra, houve uma sessão de perguntas e respostas, com o público interagindo diretamente com os palestrantes para aprofundar a discussão dos temas apresentados.

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